quarta-feira, 24 de março de 2010

Trânsito e Consciência

Todos os dias vemos e ouvimos em diversos meios de comunicação (impresso, Tv, rádio,internet, etc), mais e mais reclamações a respeito do trânsito de Goiânia.A Agencia Municipal de Transito e Transportes (AMT) tem sido a recordista quando o assunto é insatisfação da população.

Entretanto, essa semana fui surpreendida (de maneira positiva), com a instalação de placas de proibido estacionar, ao longo das avenidas T-7 e T-9, além da proibição de conversão à esquerda. O objetivo é desafogar o transito para a implantação de corredores preferenciais para ônibus do transporte coletivo.

Porém, mais uma vez, fui surpreendida (dessa vez, de maneira negativa), com a população que reluta em aceitar as medidas que beneficiarão milhares de pessoas que trafegam ali todos os dias. O motivo? Eles alegam que isso atrapalharia o comércio da região. Um grupo de empresários, liderado pelo presidente da Associação Comercial e Industrial do Estado de Goiás (Acieg), Pedro Bittar, teve a capacidade de pedir a prorrogação da decisão, por pelo menos 30 dias.

É difícil de acreditar, eu sei. Quando finalmente, o governo resolve tentar amenizar um pouco a pressão dessa verdadeira “panela urbana” que Goiânia se tornou, a população resiste.

Quando será que acabaremos com esse pensamento individualista, e passaremos a pensar na coletividade?

É dever de cada cidadão lutar pela melhoria do transporte público, pela implantação definitiva das ciclofaixas (inclusive nas principais avenidas da cidade), e abandonar esse estilo de vida de século XX que o planeta não está suportando mais.
O que percebo é que na teoria, no discurso de planeta sustentável, do ecologicamente correto, tudo é muito bonito. Mas na prática, quando é exigido algo de si mesmo, a relutância é grande.

A verdade é que o transito é apenas reflexo das atitudes da sociedade em geral. Falta consciência, falta senso de coletividade e sobra egocentrismo. Não caiu a ficha de que vivemos num país democrático, onde o que importante não é atender ao interesse particular de cada individuo, e sim, aquilo que é melhor para a maioria.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Aprecie sem moderação

Mayara Christina Carvalho

Você liga a TV e se depara com o comercial de uma mulher gostosa vendendo cervejas. Aí você muda de canal e a mulher gostosa continua lá, mas desta vez mostrando o seu corpo completamente nu numa cena picante da novela. Aí você muda para qualquer um destes programas de entretenimento e elas estão lá, dançando e rebolando de biquíni fio dental.
Cansada de ver mulher pelada, você desliga a TV e resolve sair às ruas. Na primeira esquina você a encontra de novo: ela está ali no outdoor, nas revistas, nos jornais. Não tem jeito, elas estão por toda parte!
Pra fazer parte do grupo destas mulheres, você precisa ter uma bunda grande, as pernas malhadas, seios fartos e ... Mais nada!
A imagem da mulher na nossa sociedade tem se resumido a isso. Viemos ao mundo para sermos servidoras das vontades e desejos daqueles que estão em um 'nível tão superior ao nosso': os homens. Estes sim, não precisam se preocupar com tanta baboseira: nem com o corpo, nem com a saúde, com moda, nada disso.
É só escolher o meio (TV, revista, jornal etc.) e nos consumir.
A mulher tem sido marginalizada pela nossa sociedade há tempos. Vivemos casamentos arranjados, não tivemos direito ao amor
e muito menos ao prazer. E mais: tínhamos a obrigação de dar um filho homem (claro!) ao nossos maridos, pra dar sequencia
à família ...
Na vida profissional não foi diferente. A mulher não tinha direito a emprego, pois tinha que ficar em casa pra cuidar dos filhos
e da casa.
Conforme o tempo foi passando, fomos evoluindo. Deixamos de ser apenas donas de casa, pra tambem sermos trabalhadoras, mães e esposas ... Tudo ao mesmo tempo.
Na época em que estamos vivendo, a mulher saiu do tanque para ocupar o imaginário masculino. A mídia contribuiu bastante;
criou as Tiazinhas, Feiticeiras, Mulher Melancia, dentre várias outras.
Nos comerciais, a mulher serve apenas para decorar. Nas novelas, as mocinhas sempre são mulheres bonitas e do tipo 'gostosonas'.
Aquelas que, pelos padrões tradicionais, não são bonitas, sempre fazem o papel da 'mal-amada', da 'estraga prazer'.
Basta pensar no velho exemplo dos comerciais de cervejas. É algo impossivel de se encontrar nos dias de hoje um que não
seja machista. São todos iguais. Uma mulher (geralmente loira), de biquini, entra muda e sai calada. Serve só para ter o seu
corpo devidamente apreciado pelo grupo de amigos (homens, claro!). Aliás, deveriam incluir nesses comercias, além do já conhecido
"aprecie com moderação", que faz referência ao álcool presente na cerveja, também um "aprecie sem moderação", fazendo referência
às mulheres.
Não quero, com todo esse discurso, iniciar um movimento feminista. Pelo contrário; chega de preconceitos por aqui. Sonho, apenas,
um mundo em que nós, mulheres, sejamos conhecidas e apreciadas pela nossa essência. Onde não sejamos reduzidas a meros objetos.